Diretores da ENERH2O
Número de expositores na ENERH20 supera os objetivos iniciais
O número de expositores e a área expositiva da ENERH2O já ultrapassou os objetivos traçados inicialmente pelos organizadores, as empresas On Events e PROFEI. Sobre esta aposta e os principais destaques da primeira edição, falamos com Filipe Gomes e Juli Simon Millet, diretores da ENERH20, numa entrevista conjunta.
Estamos a poucas semanas da primeira edição da ENERH2O. Como surgiu a ideia de organizar uma feira sobre tecnologias da água e energias renováveis em Portugal?
Filipe Gomes (FG):Havia no setor específico das feiras profissionais, uma lacuna no mercado em termos de abordagem sistematizada e transversal para os desafios da transição energética. Embora existam conferências e eventos, não têm a mesma dimensão, o mesmo posicionamento e não exploram as sinergias resultantes da junção do setor da água e das energias renováveis. Se a isso acrescentarmos uma procura efetiva, principalmente industrial, estavam reunidas as condições de base que um breve estudo de mercado e análise mais aprofundada veio a validar.
Juli Simon Millet (JSM): Foi uma combinação de vários elementos. A emergência climática é uma questão que me preocupa muito. Está a tornar-se cada vez mais percetível no nosso presente, mas enquanto sociedade ainda não estamos verdadeiramente conscientes das reais dimensões do problema. Esta situação pessoal, aliada ao potencial geográfico e climático que Portugal tem para a mudança de energias fósseis para energias renováveis e para o avanço tecnológico no tratamento da água, e à falta de feiras do setor no país, fez com que a ideia surgisse naturalmente.
Esta é a primeira feira que conta com a organização conjunta da empresa portuguesa On Events e da empresa espanhola PROFEI, ambas especializadas na realização deste tipo de eventos. Como está a ser esta experiência?
(FG):Existia já um conhecimento mútuo antigo e de confiança dos responsáveis de cada empresa, do seu histórico, visão, cultura e princípios, o que facilita qualquer parceria, que neste caso ganhou dimensão ibérica e, por maioria de razão, internacional. O resultado alcançado em todas as vertentes, atestam das virtudes da mesma.
(JSM):Muito boa. A comunicação e a coordenação estão a decorrer sem problemas para um primeiro evento que estamos a organizar em conjunto. Há coisas a melhorar para o próximo ano, como em todo o lado, mas a simbiose destas duas empresas permite-nos trabalhar os mercados português e espanhol a 100% das nossas faculdades.
A ENERH2O é um certame especializado, que abrange um conjunto diversificado de áreas. A que profissionais se destina?
(FG):Embora seja uma feira de nicho e especializada, de natureza B2B, é nosso propósito que seja o ponto de encontro dos profissionais do setor que venham à procura de soluções, serviços, equipamentos e tecnologia do setor da água e energias renováveis.
(JSM): A ENERH2O é um evento B2B e foram os próprios expositores que priorizaram a tipologia de profissionais que desejam ver no evento, assim como os agentes setoriais com quem temos acordos.
A feira destina-se a um vasto leque de profissionais que trabalham ou investem nas energias renováveis e nas tecnologias da água: desde profissionais da administração pública, arquitetos e profissionais da construção, até consultores e industriais.
Temos como prioridade a captar a visita de profissionais responsáveis pela instalação de equipamentos de energias renováveis, bem como de instaladores e representantes de empresas de abastecimento, saneamento e distribuição de água. Damos ainda destaque às engenharias, porque desempenham um papel muito importante para os nossos expositores, assim como empresas industriais que têm de investir em ambos os setores (água e energias renováveis).
O evento é uma novidade no calendário de feiras em Portugal. De que forma têm reagido e respondido as empresas portuguesas e internacionais ao convite para participarem na ENERH2O? E no que se refere aos agentes setoriais?
(FG):A resposta foi muito positiva se tivermos em conta que se trata de uma primeira edição, que terá mais de 50 expositores diretos, mais de 2000 m2 de mostra, dois dias repletos de conferências com a presença de oradores de renome nacional e internacional. Por outro lado, tivemos o apoio das principais associações setoriais, sendo que a procura, que tem sido crescente, dá-nos a confiança que será uma feira com networking e negócio.
(JSM): Está a ter uma resposta melhor do que o previsto. Como esta é a primeira edição, é muito difícil conseguir qualidade e quantidade. Mas a resposta tem sido muito boa e temos mais expositores do que o esperado e de grande importância tecnológica e comercial. O facto de ser a única feira de energias renováveis e tratamento de águas do país contribuiu para que a resposta fosse tão positiva. O potencial de Portugal nestes setores é enorme, o que nos dá confiança para acreditar que a feira vai crescer e tornar-se um ponto de encontro de empresas e profissionais do setor, nacionais e internacionais.
É de realçar que, desde o início, a ENERH2O tornou-se numa feira com uma grande presença de empresas internacionais, ao ponto de cerca de metade dos expositores não serem portugueses.
A ENERH2O pretende ser uma importante montra, tanto na área das tecnologias da água, como das energias renováveis. Que oferta vão poder encontrar os visitantes?
(FG):Estruturada nos dois setores referidos, as soluções fotovoltaicas e de autoconsumo dominam essa área, sendo no caso da água mais transversal e abrangente. Recomendo uma consulta do site (www.enerh2o.com), que permite ao visitante pesquisar por interesse e produto em exposição, o que facilita muito a visita em si.
(JSM): Esta primeira edição da ENERH2O é dominada pelo setor fotovoltaico, de autoconsumo e de armazenamento de energia, uma vez que este é o que está mais presente a nível comercial e no quotidiano das energias renováveis.
No setor da água temos uma representação mais diversificada: tratamento de água (purificação, dessalinização, potabilização, etc.); abastecimento, recolha, transporte e armazenamento de água; e também tudo o que está relacionado com o setor agrícola (irrigação, secas, contaminação, etc.).
Finalmente, temos ainda uma oferta muito interessante e destacável em setores como o hidrogénio, o biogás ou as tecnologias de monitorização, e que são muito importantes para o futuro.
Em eventos profissionais como este, é indispensável dar espaço também à informação e ao debate de aspetos técnicos. O que destacariam do programa de conferências da ENERH2O 2023?
(FG): O conhecimento e a partilha de informação assumem um caráter fundamental nas feiras profissionais, pelo que desenhámos o evento com esse pressuposto de base, mantendo por exemplo as salas de conferência no mesmo espaço da exposição, para facilitar a vida ao profissional e permitir maior interação entre os dois agentes chave que são o expositor e o visitante. As duas salas estarão preenchidas de manhã até ao final da feira, com conferências da nossa responsabilidade, dos parceiros institucionais e das empresas, num equilíbrio que se traduz numa oferta atual, diversificada e qualificada quanto ao modelo e tipo de intervenção de cada um dos intervenientes. O programa, que é um claro atrativo da ENERH2O, encontra se atualizado no site.
(JSM):Na minha opinião, a qualidade dos oradores e das conferências é tão importante como a qualidade dos expositores e dos visitantes. Quando se aborda setores em constante evolução tecnológica, que têm elevados investimentos financeiros na investigação científica, é importante manter as áreas comerciais informadas sobre estes avanços e descobertas. Por esta razão, tentámos encontrar um equilíbrio para ter conferências de qualidade, de um ponto de vista comercial (por parte dos próprios expositores), de um social (por parte das associações) e de outro académico (em que cientistas de relevo apresentam como as grandes descobertas da investigação científica poderão ser mais tarde aplicadas à nossa vida quotidiana).
Para dar um exemplo, um professor da École Normale Supérieure de Paris e diretor de investigação do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) vai explicar como gerar eletricidade a partir do encontro entre correntes de água salgada e de água doce, e como esta descoberta científica foi aplicada, do ponto de vista tecnológico, para ser possível construir uma central elétrica que fornece eletricidade a uma cidade inteira.
Estou muito orgulhoso do programa de conferências que elaborámos e penso que será uma grande atração para todo o tipo de profissionais.
Tal como em outros setores, também para quem está nesta área da organização de feiras, é essencial a medição e avaliação de resultados e para isso há que traçar objetivos. Quais os principais objetivos que definiram para esta primeira edição, em termos quantitativos e qualitativos?
(FG): Do ponto de vista quantitativo, ultrapassámos a meta do número de expositores e de área expositiva estipulada, sendo de esperar o mesmo no que toca ao número de visitantes profissionais.
É para nós fundamental, o lastro que podemos deixar, e o contributo à nossa escala, para acelerar o processo de transição energética e principalmente a adoção de medidas e investimentos que os agentes económicos podem levar a cabo para serem mais eficientes e reduzirem a sua pegada ecológica
(JSM):Um dos principais objetivos já foi alcançado, que era o de encontrar pelo menos 40 expositores de qualidade, e já ultrapassámos largamente este número.
O segundo, igualmente importante, é o estabelecimento de acordos de colaboração com os principais agentes setoriais e revistas técnicas especializadas. Temos acordos com a APEMETA, APRH, AIPOR, NET4CO2 e TECHSOLIDS, e com as principais revistas setoriais Energias Renováveis, O Instalador, Indústria e Ambiente, entre outras.
Por último, é fundamental que a qualidade e a quantidade de visitantes corresponda aos nossos objetivos. Acreditamos que se, no mínimo, 2000 profissionais visitarem a feira, visitantes de qualidade para expositores e indústria, o sucesso estará garantido e o evento começará a crescer consideravelmente a partir da próxima edição. Estamos a trabalhar arduamente para fazer chegar a informação e os convites aos profissionais certos.
A terminar, uma palavra para os profissionais interessados em tecnologias da água e/ou das energias renováveis que ainda não sabem se vão visitar a ENERH2O. O que lhes diria como incentivo para não perderem este evento?
(FG):Que é uma oportunidade a não perder, pela excelente oferta em exposição. Por outro lado, a ENERH2O está desenhada enquanto feira especializada para que o visitante não se disperse e tenha uma visita mais proveitosa e focada.
Motivos não faltam!
(JSM): Que não devem pensar duas vezes. Que a visita será positiva, tanto a nível profissional, como a nível de aprendizagem. Que vão conseguir contactos na feira que abrirão portas a novos projetos, indústrias, empresas e produtos.