2ND ENERGY AND WATER INNOVATION & TECHNOLOGY TRADE SHOW

25 → 26 SETEMBRO 2024 . EXPONOR PAVILHÃO 4. FEIRA INTERNACIONAL DO PORTO

2ND ENERGY AND WATER INNOVATION & TECHNOLOGY TRADE SHOW    25 → 26 SETEMBRO 2024 . EXPONOR PAV. 4 . FEIRA INTERNACIONAL DO PORTO

Luís Miguel Ribeiro

Presidente da AEP

“País perdeu uma oportunidade flagrante ao não fazer uma aposta concreta na transição energética”

A boa impressão causada pela estreia do ENERH2O, no ano transato, e o feedback positivo por parte da generalidade dos expositores explicam, em grande parte, a primeira participação da espanhola Suministros Orduña (SO) no evento que decorrerá na EXPONOR, de 25 a 26 de setembro próximo. Uma aposta que quer contrariar o atual momento de contração no mercado, segundo explica Alexandrino Gonçalves, responsável de vendas da unidade de negócio da empresa em Portugal.
Ao “não fazer uma aposta concreta” na transição energética, e ao “não disponibilizar recursos para que os setores empresariais pudessem, a curto prazo, dar esse salto tecnológico”, assevera o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), o nosso País “perdeu uma oportunidade flagrante”. Para mal dos “níveis de produtividade e competitividade das empresas” nos respetivos mercados de atuação. Uma “não aposta” que, segundo Luís Miguel Ribeiro, em entrevista à newsletter do ENERH2O, “pode desde logo ser verificada nas medidas incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência”.
Mas, os alertas não se ficam por aqui. “Não é admissível que haja, nos dias de hoje, projetos de investimento que demorem mais de um ano a ser aprovados, conforme algumas empresas nos têm reportado”, censura o líder da AEP.

ENERH2O – Como perceciona a AEP a transição energética nos últimos anos no nosso País, no domínio empresarial? Poder-se-á falar de uma realidade a duas velocidades: a das grandes empresas (com mais meios para abraçar o desafio) e a das PME (com as dificuldades que marcam a realidade lusa)?

LUÍS MIGUEL RIBEIRO – A transição energética é um dos assuntos que merece prioridade máxima por parte de toda a sociedade, sendo considerada não só como absolutamente inquestionável, mas também como algo que tem de ser efetuado com a maior brevidade possível. Neste domínio, o País perdeu uma oportunidade flagrante ao não fazer uma aposta concreta nesta transição, não disponibilizando recursos para que os setores empresariais pudessem, a curto prazo, dar esse salto tecnológico e, dessa forma, conseguissem reforçar os seus níveis de produtividade e competitividade no mercado. Esta não aposta pode desde logo ser verificada nas medidas incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que poderia ter contemplado o apoio a alguns setores para efetuarem uma mudança tecnológica na área da energia, reforçando a produtividade e competitividade, conforme já referido, e reduzindo a exposição da atividade económica a fatores geopolíticos externos, como aqueles que estamos ainda a sentir. Mas as empresas têm estado a fazer o seu caminho, verificando-se, como na maioria das situações, que as grandes empresas acabam por ir à frente nestes avanços tecnológicos, pois efetivamente têm mais meios – não apenas financeiros, mas também humanos e organizacionais – para encetar esses investimentos.

Urge requalificar mão-de-obra para os desafios energéticos

ENERH2O – No contacto direto e diário com o tecido empresarial, quais têm sido as principais reivindicações na matéria?

LMR As principais reivindicações, dirigidas às políticas públicas, são precisamente a necessidade de maiores apoios para investimento (que poderiam ter vindo do PRR) e também a necessidade de haver uma estabilidade e previsibilidade legislativa, fiscal e regulamentar, que não esteja sempre em constante mutação, pelos impactos que gera nas expectativas dos agentes económicos, em particular no investimento empresarial privado (nacional e estrangeiro). Por outro lado, a questão da mão-de-obra, não apenas a sua escassez, como também a necessária requalificação, para enfrentar com sucesso os desafios da transição energética.

É de realçar o relatório de Mario Draghi, The future of European competitiveness, onde se sublinha que os elevados preços de energia na União Europeia estão entre os constrangimentos que condicionam um maior crescimento económico no espaço comunitário. A diferença de produtividade entre os Estados Unidos da América e a União Europeia, em desfavor da Europa, é explicada, em grande medida, pelo insuficiente investimento em novas tecnologias que impulsionam o crescimento futuro e alerta que, sem apoio do setor público (financiamento comum), o setor privado não será capaz de suportar o financiamento das avultadas necessidades de investimento.

ENERH2O – Que avaliação faz a AEP das medidas de apoio e incentivos criados nacionalmente para suportar a transição energética nas empresas? Há vários setores de atividade a considerar que a evolução poderia ser bem mais rápida se as decisões e os incentivos financeiros estatais fossem disponibilizados aos promotores de acordo com as expetativas que foram criadas, que há necessidade urgente de acelerar as decisões às candidaturas efetuadas. Perfilha a AEP da mesma perspetiva?

LMR – A AEP partilha, infelizmente, desta visão, pois se aliarmos ao que se refere acima o facto de, para as medidas disponibilizadas, o elevado nível de burocracia exigido acaba por levar a que as decisões e aprovações demorem muito tempo, fazendo com que as empresas fiquem com muito pouca motivação para recorrer a tais medidas para investir, percecionando que o Estado não atribui a esta matéria a prioridade devida. Não é admissível que haja, nos dias de hoje, projetos de investimento que demorem mais de um ano a ser aprovados, conforme algumas empresas nos têm reportado.

ENERH2O permite às empresas acompanhar novidades e tendências

ENERH2O – Que investimentos energeticamente mais “verdes” tem a AEP realizado (ou a realizar futuramente) nas suas instalações?

LMR – A AEP tem efetuado já alguns investimentos “verdes”, desde logo com a instalação de painéis fotovoltaicos no seu parque de estacionamento, bem como de postos de carregamento rápido de veículos elétricos. Num outro nível, temos continuado com a aposta na digitalização e desmaterialização de processos internos, uma etapa fundamental para as transições energética e digital.

ENERH2O – De que forma pode o ENERH2O – Energy and Water Innovation & Technology contribuir (e ainda mais) para reforçar a importância das energias renováveis e ajudar à transição energética do País?

LMR – Estas áreas têm estado a registar uma constante evolução tecnológica, sendo, aliás, umas das áreas onde mais inovações têm vindo a ser lançadas, pelo que importa, mais do que nunca, que o mercado possa acompanhar muito de perto quais as novidades e tendências. Neste âmbito, este evento constitui uma das melhores formas de as empresas o conseguirem, permitindo-lhes evoluir tecnologicamente e promover ganhos de produtividade e melhorias da sua competitividade no mercado global, fortemente concorrencial.